<i>DECO</i>

No pri­meiro tri­mestre de 2011, a DECO re­cebeu quase 11 mil pe­didos de ajuda de fa­mí­lias en­di­vi­dadas, um au­mento de 38,7% face ao pe­ríodo ho­mó­logo do ano pas­sado. Mais se in­forma que, destes 11 mil pe­didos, apenas 2112 re­sul­taram na aber­tura de pro­cessos de acom­pa­nha­mento, o que sig­ni­fica que a mai­oria es­ma­ga­dora destas fa­mí­lias (quase nove mil) não apre­sen­tavam a mí­nima hi­pó­tese de re­cu­pe­ração do es­tado en­di­vi­dado em que se en­con­tram.

Note-se que a DECO não é uma ins­ti­tuição de so­li­da­ri­e­dade so­cial – trata-se de uma em­presa pri­vada que vive da quo­ti­zação de só­cios, a quem presta ser­viços bá­sicos de as­sis­tência, quer do foro ju­rí­dico, ban­cário ou pro­tes­ta­tivo.

Anote-se que estes 11 mil pe­didos de ajuda de fa­mí­lias en­di­vi­dadas não cor­res­pondem ao mesmo nú­mero de pes­soas, mas ao triplo (nú­mero médio de mem­bros de um agre­gado fa­mi­liar), ou seja 33 mil.

Tudo isto ainda sem es­tarem em an­da­mento as bru­tais exi­gên­cias da troika, que o ac­tual go­verno an­seia por cum­prir ser­vil­mente. Ima­gine-se daqui a uns meses, quando a ra­pina dos re­cursos do País es­tiver a ser su­gados em «ve­lo­ci­dade de cru­zeiro»...

 

Es­tá­dios

 

Foi no­tícia de 1.ª pá­gina no JN: Es­tá­dios do Euro de Fu­tebol em 2004 estão a custar 55 mil euros/​dia aos res­pec­tivos mu­ni­cí­pios onde estão ins­ta­lados. A si­tu­ação é par­ti­cu­lar­mente grave em Braga, Leiria, Aveiro, Coimbra, Faro e Loulé, onde esta he­rança do «Euro» con­tinua a afogar or­ça­mentos.

Aqui estão as «mais va­lias» que os de­fen­sores do Euro-2004 ga­ran­tiam ser tra­zidas para o País com este evento: a ma­nu­tenção rui­nosa de sete gi­gan­tescos es­tá­dios para os quais nin­guém en­con­trou uti­li­zação mi­ni­ma­mente com­pens­tória – nem para, ao menos, pagar as des­pesas de ma­nu­tenção.

 

As­saltos

 

Também foi no­tícia de 1. ª pá­gina no Cor­reio da Manhã: Um hotel foi as­sal­tado em Al­bu­feira por um bando ar­mado de me­tra­lha­dora. Trata-se de uma uni­dade ho­te­leira cujo se­gu­rança, co­ra­jo­sa­mente, im­pediu o roubo do cofre que tinha 100 mil euros, en­quanto o líder da as­so­ci­ação ho­te­leira cri­ticou o que ape­lidou de «inacção das po­lí­cias».

Re­giste-se a su­bida do nível de vi­o­lência uti­li­zado pelos gangs que pro­li­feram no Al­garve (e não só), pa­tente na uti­li­zação de armas de guerra e na es­colha de alvos já de grande vulto, como são os ho­téis. Aliás, mais ou menos na mesma al­tura um outro gang as­saltou o INATEL de Al­bu­feira, que na al­tura tinha 600 hós­pedes.

As­si­nale-se, igual­mente, a cres­cente im­pu­ni­dade de que estes gangs têm be­ne­fi­ciado, no Al­garve, apesar do co­nhe­ci­mento pú­blico de muitos dos ele­mentos mar­gi­nais.

No­to­ri­a­mente, o que aqui se pa­ten­teia são as in­su­fi­ci­ên­cias de meios téc­nicos e hu­manos que as su­ces­sivas res­tri­ções or­ça­men­tais têm agra­vado nas forças de se­gu­rança – aliás, como os res­pec­tivos re­pre­sen­tantes sin­di­cais andam a re­clamar há longos anos –, mau grado as também su­ces­sivas re­tó­ricas go­ver­na­men­tais à volta dos «in­ves­ti­mentos na se­gu­rança».

É claro que outro dado deste pro­blema é mais com­plexo: a mi­séria es­pa­lhada pelas po­lí­ticas de di­reita e que abrem ca­minho à cri­mi­na­li­dade.



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